Meio Ambiente: percepções epistemológicas

23/10/2013 18:48

A sociedade do final do século XX e início do século XXI vem abarcando diversas perspectivas nos mais variados campos do conhecimento. O advento da globalização traz consigo novas nuances e experiências dentro de uma sociedade em constante transformação, seja na cultura, seja na economia ou mesmo nas relações interpessoais. Novos sujeitos e novos olhares são percebidos em vários segmentos de estudo, a exemplo da emergente discussão sobre as questões ambientais, considerado por muitos uma prioridade no que tange às políticas de intervenção. Neste sentido, a análise crítica e a reflexão sobre as problemáticas percebidas pelo aumento da competitividade humana, que afeta direta e indiretamente o meio ambiente, torna-se uma premissa para o constante debate sobre os impactos sofridos pela sociedade e de que forma as nações podem efetivar eficientes articulações quanto à redução desses impactos ambientais, vindos através do descaso com a natureza, do aumento progressivo da poluição, principalmente do ar, originada pelo incentivo ao consumismo desenfreado diante de uma sociedade capitalista e materialista, não havendo uma contrapartida eficaz de redução de impactos ambientais para este fim.

Partindo da concepção experimental da epistemologia ambiental, observamos a ação do homem em busca de um prazer que soa, por vezes, como anseio de realização social, não importando quais as formas para o alcance do objetivo. No seio de um mundo onde impera o egocentrismo, os impactos são percebidos fortemente pelo contexto da coletividade. Assim, as políticas relacionadas ao meio ambiente vão sendo sugadas por uma visão econômica de sociedade, onde os moldes sociais são subdivididos em classes, de acordo com o poder aquisitivo. Este tipo de conduta torna o mundo do trabalho, dos negócios e dos serviços o foco principal de um mundo que vem atropelando de olhos abertos o conceito de coletividade, de humanismo, de grupos sociais e de vivência sustentável. Falando nisso, o termo sustentabilidade vem sendo largamente atrelado às discussões sobre o meio ambiente, ganhando força principalmente entre as organizações não governamentais, que travam uma luta constante de mobilização e conscientização pela preservação ambiental e construção de um mundo mais saudável e mais sustentável. Isto nos remete a olhar com maior afinco às nossas próprias ações, ou seja, de que forma estamos contribuindo (ou não) para a degradação ou para a preservação ambiental. 

Contudo, no que tange a uma visão mais racional deste processo de análise, sentimos que diversos valores “antigos” vão sendo superados por “novas necessidades” que permeiam a nova roupagem social, entre eles a necessidade de adequação social ao mundo contemporâneo, ou seja, ao mundo da industrialização, da comercialização e da progressiva expansão da ciência e da tecnologia. Isto nos faz perceber a necessidade de novos atores e sujeitos sociais, a exemplo da nova classe trabalhadora, que deve estar em conformidade com a nova demanda de serviços. O surgimento de mecanismos internacionais de intercâmbio econômico, cultural e social (União Europeia, MERCOSUL, NAFTA), entre outros, propõe uma unidade internacional que não se faz presente quando se olha para as questões ambientais. O próprio Protocolo de Kyoto (que teve como objetivo firmar acordos e discussões internacionais para conjuntamente estabelecer metas de redução na emissão de gases-estufa na atmosfera, principalmente por parte dos países industrializados), ainda encontra resistências por parte de governos que tem em seu bojo principal o crescimento da indústria, da tecnologia e da ciência.

Desta forma, visualizamos, antes de tudo, uma grande problemática no que diz respeito às intervenções de proteção ambiental. Todavia, surge, possivelmente em consequência de um “destrato histórico”, a contextualização entre educação e meio ambiente, este último, inclusive, sendo amplamente debatido quanto a implementação de disciplina específica no currículo escolar da educação básica. Outrossim, vale salientar que, mesmo diante de uma realidade inquietante, são timidamente percebidas algumas discussões e campos de atuação no que concerne à preservação ambiental e construção de meios mais eficazes e significativos de abordagem sobre o meio ambiente, sendo este, atualmente, uma das áreas de estudo que mais merecem atenção em termos não apenas de pesquisas e debates, mas sobretudo de intervenção estatal e paraestatal.  

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