Cultura – você realmente sabe o que é? Um conceito antropológico

18/11/2013 09:10

Existem várias palavras de complexa definição dentro do vocabulário da Língua Portuguesa e, sem sombra de dúvidas, uma delas é Cultura. Considerando a vasta diversidade étnica, racial, folclórica, sexual, religiosa e política existente no país-continente Brasil, encontrar uma definição para o termo Cultura não é das tarefas mais fáceis. Mas cabe aqui, nesta intenção, analisar Cultura sob o aspecto antropológico.

Entre algumas das caracterizações formadoras de cultura, podemos citar questões como o determinismo biológico, geográfico e antecedentes históricos no que tange às ideias e origem da Cultura. A amplitude do tema requer uma observação minuciosa e também sugere a exploração das ideias de diversas vertentes que buscam conceituar cultura, sendo necessárias muitas abordagens e sondagens neste aspecto.

Edward Tylor enfatiza Cultura como sendo um conjunto de conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, hábitos sociais. Este conceito, a priori, poderia ser o que mais se aproxima do que acreditamos ser Cultura, ou seja, um conjunto de condições que, atuando de forma contextualizada, identifica o homem dentro de uma comunidade e explica seus costumes e hábitos com os seres que o cercam em sua dimensão territorial. Contudo, vale ressaltar o que é acrescentado por Laraia quando da observação do conceito de Tylor: a importância da formação de grupos e da relação entre outros grupos, onde se espera a troca de experiências e a observação entre os grupos de costumes diferentes. Confúcio enfatiza que “os hábitos dos homens é que os faz diferentes, mesmo possuindo estes uma mesma natureza comum”. Concordo em parte com Confúcio, diante da magnitude da questão ser tão ampla, quando ele fala dos hábitos. Mas estes hábitos, em parte, são herdados geneticamente, e em outra parte são criados através das relações sociais, devido a uma pré-necessidade de adequação dos indivíduos ao seu meio.  

Já na análise de Sahlins apud Laraia, surge a palavra “seletivamente” no tocante a nova posição da Antropologia Moderna em analisar a ação cultural, se sobrepondo aos fatores do ambiente. Acredito que, antes de existir uma cultura individual, há uma cultura coletiva, a partir de dois seres (ou mais) interagindo entre si.

Leibniz analisa o acúmulo das ações do homem para a verdadeira ação da cultura. Fatores como a comunicação, linguagens, comportamentos compartilhados e normas são vistos como precedentes para o desenvolvimento do que buscamos entender por Cultura. Analisando Kluckhohn, creio que a que mais se aproxima de uma definição mais clara de cultura seria “o legado social que o indivíduo adquire do seu grupo”. Seria um conjunto de heranças que, somadas ao que é adquirido pela convivência com os demais integrantes do grupo, o torna capaz de agir em sociedade.

Dentre as teorias modernas sobre Cultura, afasto-me do conceito de Geertz quando ele se apropria do pensamento de Max Weber sobre “o homem ser um animal amarrado a teias de significados que ele próprio teceu”. Acredito que o homem, por si só, não produz cultura em seu amplo significado social e organizacional separado de outros, ou seja, fora da coletividade. Contudo, acredito integralmente na análise que Fleury faz sobre a Cultura Organizacional, principalmente quando cita vocábulos como ordenar, atribuir significações, construção de identidades, consenso e relações de dominação, e esta (a cultura) não é ator principal na tomada de decisões em uma organização, mas deve servir de embasamento e ser levada (e muito) em consideração para oferecer diretrizes mais significativas para a gestão social.

 

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